O Livro

12. Corte, montagem, pontuação, continuidade

Você já sabe o que é corte. Sem ele, o montador estaria perdido. Determinar “onde corta” é o objetivo principal da montagem. O corte está previsto na decupagem e, na hora da filmagem, quando o diretor grita “CORTA!” está determinando que a câmara pode ser desligada, pois o ponto de corte que ele prevê para o filme já passou, geralmente alguns segundos atrás. Mas é o montador, mais tarde, que vai escolher exatamente em que momento o plano “A” será interrompido para dar lugar ao plano “B”.

Essa noção de “A”/B” é muito importante na montagem. O corte sempre estabelece uma relação entre dois planos, com exceção do começo e do fim do filme, quando a relação se dá com os créditos (“letreiros”) iniciais e finais. Numa conversa com o montador, ao se discutir o ponto exato de um corte, é comum que sejam usadas frases como: “O plano A está muito longo”, ou “Tira dois quadros do início do plano B”, ou “Precisamos de mais um segundo no final do plano A”.

Além do corte propriamente dito, há outras possibilidades de passagens entre dois planos, o que constitui, de certo modo, uma PONTUAÇÃO cinematográfica. Resumindo ao máximo:

(a) CORTE – o plano “A” é imediatamente sucedido pelo plano “B”;

(b) FADE-OUT e FADE-IN – no final de um plano, a imagem escurece (FADE-OUT). Ou, no começo de um plano, a imagem surge do negro (FADE-IN);

(c) FUSÃO – o plano “A” é sucedido pelo plano “B” de forma gradual;

(d) OUTROS EFEITOS – Os planos “A” e “B” sucedem-se através da manipulação de luz, de cenários ou, muito mais comum, por efeitos computadorizados na ilha de edição.

Quando corta, o montador está organizando e dando ritmo ao filme. Além disso, ele deve tomar cuidado com a CONTINUIDADE, isto é, a sensação que o espectador tem de que a história segue em frente “naturalmente”, sem dar pulos incômodos ou que desorientam a narrativa. É claro que você pode querer exatamente isso: incomodar e desorientar o espectador. De qualquer maneira, é melhor fazer isso conscientemente e preparar-se para as reações do público (e elas virão, pode ter certeza…).

Três situações de corte são as mais comuns em relação à continuidade:

(a) CUT-IN – sempre que o plano “B”, em enquadramento mais fechado, mostra parte do quadro do plano “A”. É preciso muito cuidado com a continuidade.

(b) PULL-BACK – sempre que o plano “B”, em enquadramento mais aberto, mostra o que o plano “A” já mostrara. Também é preciso cuidado com a continuidade.

(c) CUT-AWAY – quando o plano “B” leva a uma imagem que não pertence nem está contida no plano “A”. Não há continuidade direta. Relaxe.

 

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